Começaram as obras em Itaquera. Bom para quem?

Começaram as obras em Itaquera! Pela primeira vez na história, uma obra de um estádio corinthiano sai do papel!

Após perder a Copa das Confederações e também o centro de imprensa para o Rio de Janeiro na última quinta, a maior cidade do país deu a resposta apenas quatro dias depois.

E esperou que tudo isso acontecesse para colocar dois tratores e 20 homens trabalhando no terreno, que ainda está com os dutos da Petrobras em seu subsolo.

Ainda não se sabe se será o estádio para 45 mil pessoas ou se na versão exigida pela Fifa, com 65 mil lugares. Diz o Corinthians que só tem o dinheiro para a primeira opção, e que conta com a ajuda (leia-se dinheiro – público ou de parceiros) das autoridades municipal, estadual e federal para que São Paulo abra o mundial.

Aí você se pergunta: como a maior cidade do país, com a maior rede hoteleira, mais condições de investimentos e disponibilidade para receber empreendimentos consegue passar por todos esses problemas e ainda não tem definição sobre o seu papel no mundial?

A resposta é: política. Graças a ela, o Morumbi foi preterido do mundial, o Itaquerão (mania chata essa de estádios e campeonatos no aumentativo, não?!) foi aprovado na maquete… Articulações políticas também fizeram a Odebrecht ser a incorporadora oficial da obra e, justamente graças a ela, tudo está demorando tanto.

A transição Lula/Dilma, as pretensões políticas de Andrés Sanchez, que já foi especulado como candidato à sucessão na CBF e também na prefeitura de São Paulo, as movimentações de Kassab e Alckmin… Tudo isso girando em torno de um estádio. Particular, diga-se de passagem.

E fica a pergunta: São Paulo precisa mesmo de toda essa movimentação para abrir uma Copa do Mundo? Uma cidade em que o metrô cresce anualmente 6 km – o ideal é 25 km, que quase perdeu a Santa Casa de Misericórdia e que tem problemas suficientes em educação, saúde e transporte não pode se dar ao luxo de usar seu dinheiro para esta obra.

Não sou contra a Copa do Mundo, apenas contra a utilização de dinheiro público para a construção de arenas, ainda mais particulares . A realização de um Mundial é a chance de um país se desenvolver, crescer e resolver problemas que não conseguiria sem o torneio.

O Brasil já sabe, desde 2007, que sediaria a Copa. E está esperando o prazo se esgotar para tomar atitudes.

Enquanto Gilberto Kassab libera R$ 240 milhões para o estádio, os aeroportos continuam em situação caótica no país. E já se sabe que não ficarão prontos a tempo da Copa. Talvez, para a Olimpíada.

31/05/2011 at 10:30 Deixe um comentário

O quebra-cabeças da entidade máxima do futebol mundial

O número 2 da Fifa troca e-mails com um membro do comitê executivo da entidade. Em um deles, a acusação de que o Qatar comprou a Copa de 2022. Ainda assim, Sepp Blatter diz que não há crise na Fifa.

Há uma semana, o programa Panorama, da inglesa BBC, apontou que dois membros deste comitê tiveram de devolver propina recebida para evitar processo da justiça suíça.

Os dois acusados seriam João Havelange e… Ricardo Teixeira, presidente da CBF e do COL (Comitê Organizador Local da Copa de 2014).

Claro, a investigação vem da Inglaterra, país preterido na disputa pela Copa de 2022, quando concorreu com o Qatar e teve apenas dois votos.

Curiosamente, Ricardo Teixeira teve grande aproximação com Mohamed Bin Hamman, presidente da federação do Qatar e banido da Fifa acusado de corrupção. Ambos trocaram favores.

Bin Hamman esteve em São Paulo e cogitou apoiar a construção do estádio do Corinthians, cujas obras começaram na última segunda.

As denúncias contra o presidente da CBF foram arquivadas por falta de provas. E Teixeira tem pretensões maiores na Fifa.

Com certeza, há muito mais ainda a ser descoberto. Quando todos os envolvidos são suspeitos, é preocupante. E isso só acontece porque a Fifa, assim como a CBF, é um feudo. Administrado de forma praticamente familiar e sem um poder superior para regulá-la.

Impossível não recair nenhuma suspeita sobre a Copa de 2014. E mais impossível ainda é não achar, no mínimo, curioso ter quatro Mundiais em países em desenvolvimento: África do Sul, Brasil, Rússia e Qatar.

A Fifa faz o Senado Federal parecer as Casas André Luiz.

31/05/2011 at 09:59 Deixe um comentário

O magnânimo Barcelona. Não apenas no futebol

Uma estranheza na escalação do Barcelona, em plena final de UEFA Champions League.  Capitão, exemplo, formado nas categorias de base catalãs, Puyol estava no banco de reservas.

Sim, no banco. Mascherano (quem diria?) era o titular. Titular também era Abidal, que passou por uma delicada operação para a retirada de um tumor.

E o que aconteceu no jogo todos sabem. Três gols dos três atacantes do Barça, com passe dos três meias, domínio total, show de Messi e Xavi…

E  Puyol no banco.

Será que o capitão não levantaria a taça mais cobiçada do futebol mundial?

Foi quando Pep Guardiola deu o exemplo. Sem a menor necessidade tática, Carles Puyol entra no lugar de Daniel Alves e recebe a faixa de capitão de Xavi.

Só isso já serviria de exemplo.  Mas chega a hora da entrega das medalhas e Puyol, de agasalho, é o penúltimo a receber. Atrás dele, Abidal.  O lateral recebe a última medalha e, sozinho, levanta a taça.

Quantos outros jogadores teriam a sensibilidade de oferecer este privilégio a um companheiro de trabalho?

Sim, o Barcelona não é um exemplo apenas dentro de campo. Realmente, é mais que um clube.

Parabéns!

 

30/05/2011 at 13:43 1 comentário

Alguém quer um Imperador?

Em mais um capítulo de sua conturbada carreira, Adriano teve seu contrato rescindido pela Roma, da Itália.

O negócio foi fechado em maio de 2010. Adriano começou a jogar em agosto e, oito jogos depois (isso! só oito!), 15 quilos a mais e nenhum gol, sem contar as passagens pelo Rio neste período, os italianos perceberam o tamanho do erro e o devolveram.

O problema é: para quem?

Não faltam interessados. Palmeiras, Flamengo e Corinthians, de alguma forma, o querem. Mas ninguém é capaz de grandes esforços pelo jogador de 29 anos. Não pelo futebol, este inconcestável – Adriano joga mais que Drogba e a maior parte dos atacantes do badalado futebol europeu – mas pela falta de compromisso que ele tem com ele mesmo.

Se não veste a camisa 10 da Internazionale e a 9 da Seleção, é por ‘culpa’ dele. Há de se entender também o trauma causado pela perda do pai, até hoje não curado, mas até para isso há limites. O Imperador deixou de ser um atleta profissional. Criou um personagem e fugiu da realidade, com o agravante de que ele realmente acredita nela.

Até mesmo Patrícia Amorim, que abriu as portas da Gávea para o jogador, hoje está receosa. Joga a decisão para Luxemburgo, que devolve para Patrícia. Ou seja, as portas estão fechando.

Há praticamente três anos, escrevi, em outro blog o texto chamado ‘Um bonde chamado Adriano’. No final dele, perguntei o que Adriano queria da vida. Até hoje, não sei a resposta.

Fica a grande sensação de um enorme desperdício. Como já disse, ele foi um dos grandes atacantes do futebol mundial. Atualmente, acumula decepções em dirigentes e torcedores. E só faz mal a si mesmo, mais ninguém.

Torço para que se recupere, sobretudo para que a cabeça do Imperador esteja bem resolvida. Mas não custa perguntar de novo:

Adriano, o que você quer da vida?

09/03/2011 at 15:21 Deixe um comentário

O C13 rachou. O futebol brasileiro também

Era para ser um post sobre a Taça das Bolinhas, talvez um dos assuntos historicamente mais chatos do futebol brasileiro em ‘todos os tempos’.

Mas a bendita taça era o início de algo muito maior, e também preocupante, que aconteceu nestes dias. Corinthians, Flamengo, Fluminense, Botafogo, Vasco e também o Coritiba anunciaram a saída do Clube dos 13. O motivo alegado pelos seis clubes foi a forma com que foi conduzida a negociação pelos direitos de transmissão do campeonato brasileiro nos próximos três anos (e vale lembrar que o último é o ano da Copa no Brasil).

O assunto é uma enorme novela. Não tão tediosa quanto Insensato Coração, mas chata o suficiente. Vamos aos personagens:

Fábio Koff  – Presidente do Clube dos Treze desde 1995, foi reeleito recentemente em um complicado processo eleitoral. Era dirigente do Grêmio quando assumiu a presidência, mas está oficialmente desligado do clube. Faz o papel do patriarca, velho, que vê seus filhos brigando e não consegue solucionar.

Juvenal Juvêncio – Presidente do São Paulo desde 2006, é VP do C-13 desde 2010, quando comandou a manobra que culminou com a reeleição de Koff. Esta foi sua maior vitória política, que resultou em uma série de derrotas, como a saída do Morumbi do quadro de estádios da Copa de 2014. Tenta, a todo custo, se reeleger também no Tricolor também com uma manobra.  Interpreta o velho bonachão, metido a malandro e que dá seus golpes para não perder o costume.

Andrés Sanchez – Presidente do Corinthians desde o final de 2007. Revolucionou o marketing do clube, tornou-o elitizado e internacional, mesmo endividado. Conquistou muito poder, a ponto de ser o chefe da delegação brasileira na Copa de 2010. Tem tanto prestígio com Ricardo Teixeira que pode ser seu sucessor. Comandou a chapa oposicionista na eleição do C-13 e agora comanda o levante. O filho ruim, que leva o pai à loucura, porque ouviu do tio que pode ficar com a herança.

Rede Globo – 45  anos de existência, 26 deles dominando o futebol brasileiro. Os horários, a fórmula… Nada acontece sem o aval daquela que está ‘muito além do Cidadão Kane’. Paga aos clubes R$ 300 milhões. O BBB 11, por exemplo, rendeu R$ 400 mil aos cofres da emissora. Nesta novela, é a encarnação da Gouvêia Metalúrgica, com a diferença que tem muito mais poder.

Ricardo Teixeira  – Transformou o futebol brasileiro em seu feudo particular desde que assumiu a presidência da CBF, em… Não importa! Preside a entidade, o comitê organizador local da Copa de 2014 e aspira à cadeira de presidente da Fifa, assim que Seph Blatter ‘não puder pisar mais na avenida’. Interpreta o verdadeiro vilão, aquele que faz tudo e não é descoberto.

E, agora, à novela:

Desde que cedeu apenas 10% do Morumbi para o Corinthians num clássico, Andrés e Juvenal não se suportam. Onde um lado está, o outro não. Somado isso ao apoio explícito de Teixeira a Andrés e o ódio do mandatário da CBF a Juvenal, o cenário é perfeito.

Ricardo Teixeira quer destituir o C-13 para ter maior força política e poder sobre todos eles. Ele quer que a Globo continue transmitindo os jogos, afinal é comercialmente importante manter o bom relacionamento com a emissora, já que a Copa está chegando.

Para a Globo, não interessa pagar mais pelos direitos do campeonato. A audiência nos últimos anos não justifica o investimento. Mas o C-13 bateu o pé e abriu concorrência com Record e RedeTV!, que mandaram propostas. E, quando isso acontece, vence a melhor oferta. A mínima é de R$ 500 milhões, o que representa um aumento de 66% no que a TV oferece aos clubes. O BBB 11 rendeu R$ 400 milhões em ações de patrocínio e merchandising, ou seja, a Globo investe no futebol (8 meses de campeonato) 75% do que recebe de um reality show de 3 meses,

Andrés Sanchez foi o primeiro a pedir a saída do C-13. Na sequência, vieram os grandes cariocas, liderados por Patrícia Amorim, iludida com o reconhecimento do título brasileiro de 1987 – que a CBF poderia ter feito n o final do ano passado, quando reconheceu títulos em ‘baciada’. Santos, Palmeiras, Grêmio, Goiás, Cruzeiro e Vitória podem sair também.

Resumida a novela, vamos ao que interessa:

Quem menos ganha com a desunião dos clubes é o futebol brasileiro. Não pelo lado lúdico, mas o prático. O produto fica desvalorizado, afinal quem vai pagar por dez clubes (de qual lado for)?

E se acontecer de o que sobrar do C-13 fechar com a Globo e os dissidentes com a Record, por exemplo? Pela lei, os dois clubes envolvidos em uma partida precisam ser remunerados. Num possível Corinthians x São Paulo, neste cenário, a partida não poderia ser transmitida. Assim, para que haver um campeonato único? Ou seja, a hipóteses de dois campeonatos não é tão absurda assim. Quem ganha com isso? Ninguém.

Se os clubes se unissem de verdade, não se sujeitariam a jogar às 10 da noite ou a disputar partidas com temperatura de 36º às 4 da tarde no verão. O produto futebol fica em segundo plano. Os dirigentes seguem o velho ditado: ‘farinha pouca, meu pirão primeiro’.

Enquanto isso, alguém sabe das obras em Itaquera? Eu sei que o Kassab já falou em colocar dinheiro público, hipótese que ele mesmo não admitia.

Faltam três anos e meio…

24/02/2011 at 14:39 Deixe um comentário

Obrigado, Fenômeno!

Brinco de ser blogueiro desde 2005. E, talvez, nunca tenha tenha feito um post tão difícil quanto esse. Falar da aposentadoria de Ronaldo é uma tarefa que ninguém quer ter de realizar, por um simples motivo. Ninguém queria que Ronaldo parasse. Nem mesmo eu, que tantas vezes pedi que repensasse o fim da sua carreira por respeito a si mesmo.

Ronaldo foi o primeiro gênio que eu vi nascer para o futebol. Não vi os anteriores, mas acredito que depois de Zico e Romário, só Ronaldo (e Ronaldinho) tiveram genialidade semelhante.

Mas o Fenômeno tinha algo maior. O carisma, a inteligência, o forte apelo de mídia… Tudo fazia de Ronaldo ainda maior.

E, no auge, veio a característica que transformou Ronaldo no exemplo para todos os brasileiros: a superação. Se Ronaldo superou duas cirurgias de joelho e ainda foi o artilheiro da Copa de 2002, por que não se superar no dia a dia? Se ele, milhonário, acordava todo dia para se vencer as dores e se recuperar, por que nós não podemos?

É óbvio. Teve falhas na carreira, polêmicas, situações desconfortáveis… Mas, até aí, quem não as teve?

Foram duas Copas e um vice-campeonato, fora o fato de ser o maior artilheiro da história das Copas. Três vezes melhor do mundo.

Não ganhou a Libertadores? Nem o Brasileiro? Azar dos dois torneios!

Um post não vai ilustrar a imensa gratidão que eu, como amante de futebol, tenho por ter visto Ronaldo Luiz Nazário de Lima jogar. O futebol fica hoje mais triste, menos inteligente e menos genial. O maior atacante da história (e quem diz isso é o jornal Marca, da Espanha) parou.

Não vou mais me alongar.

De coração: obrigado, Fenômeno!

14/02/2011 at 10:07 Deixe um comentário

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